Termas das Salgadas vão combater turismo de passagem rápida no Concelho

Segunda, 14 De Setembro De 2009

Termas das Salgadas vão combater turismo de passagem rápida no ConcelhoA vila da Batalha vai poder edificar e explorar, finalmente, o seu complexo termal das Salgadas, localizado na zona das Brancas. Depois de um longo processo em que a morosidade burocrática só rivalizou com as exigências técnicas sobre a qualidade da água e ambas se debateram com quatro alterações legais nos últimos anos, as duas últimas semanas trouxeram boas notícias para as Termas Salgadas da Batalha.
A Direcção-Geral de Energia e Geologia autorizou o contrato de concessão e a Câmara da Batalha aprovou o empreendimento e vai lançar este mês o concurso para o estudo prévio do projecto do balneário termal. Ontem mesmo foi confirmada a atribuição às termas de 1,6 milhões de euros provenientes do programa comunitário Provere, que se destina à valorização económica dos recursos endógenos das regiões.
A construção e exploração das termas correspondem à estratégia assumida pela câmara de combater o "turismo de passagem rápida" pela vila. Habitualmente, os turistas visitam o mosteiro local e seguem viagem. Mas António Lucas, presidente do executivo municipal, quer contrariar essa tendência, criando estruturas que possam reter por mais algum tempo no concelho os milhares de visitantes do museu. E tem sido esta estratégia que está na base da persistência da construção do complexo termal.

Água salgada

A intenção da autarquia de construir umas termas nas Salgadas, topónimo popular que se deve precisamente à natureza salgada das águas do seu subsolo, começou em 1995 e desde essa altura apenas conseguiu adquirir os terrenos, com uma área de dois hectares, por 250 mil euros, depois de duras negociações, pois o preço pedido inicialmente pelo antigo proprietário era de cerca de 600 mil euros.
"Temos de apostar num turismo residente, em que os visitantes tenham oito a dez dias de permanência no concelho. A rede urbana para a competitividade e inovação que juntou os municípios da Batalha, Alcobaça, Tomar e Lisboa e o Igespar, Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, vai valorizar as zonas envolventes aos monumentos que são Património Mundial e permitir a animação e a realização de eventos que possam atrair mais pessoas por mais tempo nesses concelhos", observa António Lucas.
Há muito tempo que as qualidades termais da água das Salgadas são reconhecidas. Já no Aquilégio Medicinal, de 1726, há uma referência à "fonte salina que rebenta de um olho de água perto da Batalha". O local teve umas termas privadas até à década de 50. Depois, a partir dos anos 70, serviu ainda como ala psiquiátrica do Hospital de Leiria, até que deixou também, já na década de 90, de ter essa função. "É por volta de 1995 que a Câmara da Batalha mostra interesse na compra do espaço, com cerca de dois hectares e quatro edifícios antigos, para a criação de umas termas", recorda António Lucas, sem deixar de lamentar os episódios da morosidade que todo o processo teve até agora, não só pelo parecer da Direcção-Geral da Saúde, mas, acima de tudo, pelos pedidos sucessivos de estudos pela Direcção-Geral de Energia e Geologia.

In Jornal Público, 10 de Setembro de 2009
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