A Câmara Municipal da Batalha procedeu recentemente ao lançamento da magnífica obra "O Mosteiro e o Vitral em Portugal nos Séculos XV e XVI", da autoria de Pedro Redol, Técnico Superior do IPPAR, actualmente a desempenhar funções no Mosteiro de Santa Maria da Vitória.
A referida publicação, reveste-se de extrema importância, quer para a Vila da Batalha, quer para o estudo do Vitral em todo o país, dado o inquestionável valor cientifico que apresenta.
"O Mosteiro e o Vitral em Portugal nos Sécs. XV e XVI" aborda ao longo das suas 410 páginas aspectos históricos e artísticos do vitral produzido no decurso dos Séculos XV e XVI, numa primeira parte e, posteriormente, refere-se à caracterização dos materiais intervenientes na arte do Vitral, fazendo especial destaque às soluções de conservação, restauro e preservação a aplicar na recuperação do Vitral.
Destacando o importante currículo na área vitralista que Pedro Redol possui, Adília Alarcão, Directora do Museu Machado de Castro, de Coimbra, apresentou a publicação aos presentes referindo "estarmos presentes diante de uma importantíssima publicação para o nosso país e para o estudo destes elementos artísticos".
Acrescentou ainda a responsável que "O Mosteiro da Batalha e o Vitral em Portugal nos Séculos XV e XVI transporta o leitor para a história da produção dos vitrais da Batalha, levando-nos a compreender como se degradaram ao longo dos séculos e contribuindo, assim, para melhor compreendermos a nossa História".
Já o autor, destacou o longo trabalho que a publicação em causa representava, destacando, contudo, o grande prazer que sentia naquele momento.
Pedro Redol, destacou ainda o apoio incondicional que a Autarquia da Batalha prestou para que fosse realidade aquele momento. "Sem a Câmara Municipal da Batalha e o seu empenho, este livro nunca teria sido possível de realizar", apontou o especialista.
Aponte-se ainda que o "Mosteiro da Batalha e o Vitral em Portugal nos Séculos XV e XVI", contou com o empenhamento do Ministério da Cultura/IPPAR, TMN, SIMLIS, Governo Civil de Leiria e Caixa Geral de Depósitos - Balcão da Batalha.
Os interessados podem adquirir esta publicação no edifício da Câmara Municipal da Batalha ou na página da Autarquia, em www.cm-batalha.pt.
Doze painéis de Vitral Quatrocentista em exposição
Ainda no domínio do vitral, está patente até ao dia 31 de Outubro na Galeria Mouzinho de Albquerque, na Praça com o mesmo nome, nesta Vila, uma magnífica exposição de vitrais intitulada "Vitrais Quatrocentistas do Mosteiro da Batalha", aberta diariamente das 13h00 às 18h00.
A mostra consiste numa organização das Câmaras Municipais de Batalha e Marinha Grande, com o apoio do IPPAR / Mosteiro da Batalha, sendo uma reedição da exposição, com o mesmo nome, patente ao público no Museu do Vidro, na Marinha Grande, de 18 de Dezembro de 1999 a 3 de Setembro de 2000, tendo sido visitada por mais de 19.000 pessoas.
São exibidos doze painéis de vitral produzido entre finais dos anos trinta, início dos anos quarenta de 1400, constituindo parte das primeiras encomendas régias de vitral a serem realizadas para a Batalha, considerada - justamente - o expoente máximo da arte do vitral do século XV, em Portugal.
"Vitrais Quatrocentistas do Mosteiro da Batalha" tem como principais objectivos a divulgação de uma arte, quase perdida, de diferentes pontos de vista: tecnológico, histórico e artístico. Durante o séc. XV e XVI a Batalha tornar-se-ia no maior estaleiro e centro produtor de vitral do País tendo, inclusivamente, recorrido a mestres vitralistas estrangeiros para manufacturarem os vitrais.
A exposição está organizada em três grandes temas:
1 - As técnicas de fabrico de vitrais (medievais e modernas)
Explicação das técnicas de fabrico de vitral e os seus materiais constituintes
O corte dos vidros
A pintura dos vidros
A montagem do painel em calha de chumbo
O Tifany (técnica moderna)
Realização de atelier’s de fabrico de vitral ao vivo
2 - Os painéis de vitral da nave lateral norte da igreja do Mosteiro da Batalha
Exposição dos doze painéis
Explicação do percurso histórico dos vitrais, desde a sua concepção no século XV até ao restauro efectuado em 1996.
3 - O processo de Conservação e Restauro dos painéis em 1996.
Sala composta por nove painéis fixos.
Cada painel corresponde a um dos painéis de vitral em exposição na sala anterior. De um lado está uma imagem ampliada do painel antes do restauro e do outro lado está uma imagem do painel depois de restaurado para se verificarem as diferenças. No lado onde está a imagem do painel depois de restaurado, existe um texto que explica o processo de restauro efectuado, bem como fotografias feitas ao microscópio, de produtos de degradação, formas de alteração e micoorganismos (ampliações até 10X) e fotografias de algumas fases do restauro.
Os vitrais - (Breve nota histórica)
Os vitrais da Nave Lateral Norte da Igreja do Mosteiro da Batalha começaram a ser produzidos entre finais dos anos trinta, início dos anos quarenta de 1400. Posteriormente, devido à crise tardo-setecentista do clero a extinção das ordens religiosas, o mosteiro acabaria por ser abandonado e por se degradar, ao ponto de se terem perdido alguns vitrais (entre eles os da nave lateral norte). O terramoto de 1755 agravou o estado de degradação dos vitrais.
Em 1840, iniciou-se a preparação das obras de recuperação do mosteiro dirigidas por Mouzinho de Albuquerque. Em 1841 iniciou-se o restauro dos vitrais da nave lateral norte. O trabalho consistiu em apear todos os fragmentos dos vidros das janelas, que ainda ali permaneciam, e na remontagem desses vidros em novas calhas de chumbo, dando uma forma constante aos painéis (a forma que eles tem presentemente). A falta de peças, levou a que muitas lacunas existentes nas antigas composições, fossem preenchidas por vidros antigos de outros painéis ou até mesmo por vidros novos. Mais tarde, estes painéis foram colocados nas janelas, a meia altura de grandes caixilharias de madeira com vidros de cor.
Em 1996 os painéis foram novamente retirados para restauro pelo Centro de Conservação e Restauro da Batalha e nunca chegaram a ser recolocados, encontrando-se actualmente em reserva no mosteiro (os que não estão em exposição no Museu do Vidro).
Em Fevereiro de 1999, iniciou-se a preparação desta exposição que só seria inaugurada em 18 de Dezembro de 1999, sendo agora reeditada na Vila da Batalha.